A deputada federal Flordelis (PSD-RJ) fez um ensaio fotográfico romântico com o pastor Anderson Carmo três dias antes do assassinato dele — Flordelis é acusada de ser a mandante da morte ocorrida em 16 de junho de 2019.
Em depoimento ao jornal Extra, o produtor e editor Marco Antônio Ferraz — que dirigiu o filme sobre vida de Flordelis — afirmou que encontrou o casal três dias antes da morte.
Ele produziu um ensaio fotográfico que iria para as redes sociais de Flordelis e de Anderson.
O casal estava abraçado e feliz nas poses das fotos feitas em frente ao prédio da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
"Nos encontramos nesse trabalho e três dias depois acordei com a notícia do assassinato. Nem fui ao enterro", disse Marco.
'Fria'
Marco foi amigo de Flordelis por mais de 10 anos, segundo o jornal. Ele contou que se afastou dela meses antes da execução do pastor — que foi adotado pela deputada e ex-genro, antes de virar marido.
Alguns meses depois, ele retornou na casa dela para mais um trabalho.
"A Flor me viu parado na porta e disse: 'ele morreu bem aí onde você está'. E foi muito fria. Não estranhei. Era difícil saber o que ela sentia ou pensava", contou.
Como frequentou durante muito tempo a casa dela em Niterói, Marco observou como era o relacionamento com Anderson.
"Era louco por ela. Nunca o vi olhando para o lado ou ouvi qualquer fofoca sobre amante, nada disso. Ele era um homem assustadoramente inteligente e dava o mundo para a Flor se ela quisesse", completou.
História de filme
O produtor disse na terça-feira (25) que se arrependia de ter dirigido o filme sobre a história da deputada.
Ele soube do caso de uma mãe adotiva de 44 crianças e quis ajudar de alguma forma, na época.
"Se fosse hoje, jamais teria feito esse filme. Não sou cineasta. Sou um contador de histórias e o que contei foi uma mentira diante dos fatos que conhecemos agora. Estou dilacerado, me sinto enganado", afirmou.
A produção ganhou elenco estrelado, com Bruna Marquezine, Cauã Reymond, Ana Furtado, Leticia Spiller, Alinne Moraes, Marcello Antony, Sergio Marone.
Raiz do assassinato
Anderson do Carmo foi morto a tiros na madrugada do dia 19 de junho de 2019.
A Polícia Civil e o Ministério Público denunciaram a parlamentar como mandante do crime — a motivação seria Anderson manter rigoroso controle das finanças familiares e administrar os conflitos de forma rígida, não permitindo tratamento privilegiado das pessoas mais próximas a Flordelis.
Flordelis não foi presa por ter imunidade parlamentar. Outras 11 pessoas foram detidas preventivamente, entre eles cinco filhos dela e uma neta.
O advogado Maurício Mayr disse acreditar na inocência de Flordelis no caso. "A deputada desde o início desse segundo inquérito foi tratada como testemunha, vindo a ser indiciada agora no final e denunciada", afirmou no dia da denúncia.
Já o advogado dos cinco irmãos presos e da neta, Luiz Felipe Alves, disse que a decisão foi genérica e não considerou a "individualização quanto à real e efetiva necessidade de prisão cautelar para cada um dos acusados".
Fonte:UOL