O novo coronavírus sofreu mutações ao longo dos dez meses em que circula pelo Brasil. Os cientistas do Laboratório Adolfo Lutz analisaram o vírus, confirmaram as mudanças genéticas e avançaram na investigação das rotas de cada tipo de coronavírus.
É um trabalho lento e silencioso em busca de respostas sobre a Covid-19. Faz oito meses que os cientistas do Laboratório Adolfo Lutz, em São Paulo trabalham para identificar e tentar controlar o coronavírus no Brasil; 40% dos sequenciamentos foram feitos no laboratório.
“Já foi encontrada em amostras no Brasil em abril. Então não é a linhagem inglesa com todas aquelas mutações. Aparentemente, não teve uma expansão dessa mutação aqui ainda”, diz Ester Sabino, pesquisadora do Instituto de Medicina Tropical da USP.
Linhagem é o nome que os pesquisadores dão a um grupo de vírus que contém várias mutações em comum. Mutações acontecem com qualquer vírus. O novo coronavírus já passou por várias. Ele ganha uma ou duas novas versões a cada mês, segundo os cientistas. E nem sempre isso significa um problema.
“Na verdade, é algo natural. Os vírus sofrem mutações. Essas mutações não se refletem necessariamente em mutações que podem gerar problema ou algo mais grave, alguma coisa do gênero. É simplesmente uma mutação natural dos vírus. E detectar isso é importante para gente ir inclusive observando como a doença se comporta”, diz Adriano Abud, diretor-técnico do Centro de Respostas Rápidas do Adolfo Lutz.
“Quando a gente fala mutante, as pessoas ficam assustadas. Não é para ficar assustado. Mutação é normal. E tem muitas linhagens do vírus circulando. O coronavírus não tem uma taxa de mutação tão alta quanto, por exemplo, um vírus da gripe ou HIV. Ele muda como todos os vírus”, afirma Natália Pasternak, doutora em microbiologia e presidente do Instituto Questão de Ciência.
FONTE:G1