Autoridades egípcias decidiram não liberar o navio Ever Given, que bloqueou o Canal de Suez por quase uma semana no mês passado, informou a agência de notícias estatal Al Ahram nesta terça-feira (13). A embarcação de quase 400 metros foi desencalhada no fim de março, mas ainda continua na região.
Um tribunal do país ordenou que a empresa proprietária do cargueiro, a japonesa Shoei Kisen Kaisha, pague US$ 900 milhões em indenização (o equivalente a cerca de R$ 5,1 bilhões) para que o navio seja liberado.
O valor seria utilizado para recompor as perdas provocadas depois de o Ever Given, de bandeira panamenha, impedir o tráfego marítimo em uma das principais rotas comerciais do mundo. Segundo o Al Ahram, a multa também inclui taxas de manutenção e os custos da operação de resgate.
A embarcação ficou presa em diagonal no canal durante ventos fortes, na manhã de 23 de março. Uma operação de salvamento internacional trabalhou 24 horas, durante seis dias, para desalojar o navio. A atenção aumentava a cada dia que passava, uma vez que aproximadamente 400 navios de todo o mundo, transportando combustível e carga vitais, foram impedidos de cruzar a rota mais curta entre a Europa e a Ásia.
O Ever Given voltou a flutuar com sucesso em 29 de março e foi movido para próximo do Grande Lago Amargo, entre os dois extremos do canal, para ser inspecionado quanto à navegabilidade e para permitir a realização de reparos.
A Shoei Kisen Kaisha informou que seguradoras e advogados analisam o pedido de indenização e se recusou a dar mais detalhes.
A UK Club, a seguradora de proteção e indenização do Ever Given, afirmou que respondeu a uma reclamação da Autoridade do Canal de Suez (SCA, em inglês) de US$ 916 milhões, mas questionou a fundamentação da multa.
"Apesar da magnitude da reclamação, que em grande parte não foi comprovada, os proprietários e suas seguradoras têm negociado de boa-fé com a SCA. Em 12 de abril, uma oferta generosa foi feita à SCA para resolver a questão", afirma o comunicado.
A empresa alega que é a seguradora do Ever Given para certas responsabilidades, como sinistros de obstrução ou questões de infraestrutura, mas não é a seguradora do navio em si ou da carga.
"O SCA não forneceu uma justificativa detalhada para esta multa extraordinariamente grande, que inclui uma indenização de US$ 300 milhões (R$ 1,7 bi) por um ‘bônus de salvamento’ e uma de US$ 300 milhões por ‘perda de reputação’”, reclama a seguradora.
Após o navio voltar a flutuar, o Canal de Suez retomou as operações comerciais. A carga do navio foi apreendida até que a disputa seja resolvida, de acordo com a Autoridade do Canal de Suez.
As circunstâncias que provocaram a situação são investigadas separadamente pelas autoridades egípcias.
FONTE CNNBRASIL