A bancada do presidente eleito pelo PSL Jair Bolsonaro em Goiás tem mais viés ideológico do que fisiologista; o próprio capitão reformado do Exército criticou duramente o loteamento de cargos durante campanha.
O grupo de aliados que apoia e levou o nome do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSC-RJ) aos eleitores em Goiás guarda muita semelhança entre si e com o próprio eleito: eles têm bandeiras conservadoras e são ligados à segurança pública. Além da pauta, eles acompanham o capitão em outro aspecto: o desempenho eleitoral. Alguns deles foram campeões de votos nas urnas.
O principal abre alas de Bolsonaro em Goiás, deputado federal Delegado Waldir Soares (PSL), foi reeleito com 274 mil votos, a maior votação do Estado pela segunda vez consecutiva. Waldir é companheiro de trabalho do deputado carioca no Congresso por quatro anos e compartilham da mesma cartilha – segurança pública e defesa da família tradicional.
Antes da campanha presidencial começar oficialmente, Jair Bolsonaro ainda como pré-candidato em pré-campanha, Waldir agendava eventos e organizava a chegada do capitão em Goiás, desde o desembarque no aeroporto Santa Genoveva até um tour pelas cidades goianas.
Na primeira visita do presidente eleito a Goiás, o delegado da Polícia Civil afirmou que “Bolsonaro terá a maior votação proporcional do Brasil no estado”. O delegado também fez um “limpa” na direção regional do PSL e conseguiu tirar muitos parlamentares da legenda por meio de desfiliação partidária. Tudo isso aconteceu para que o partido recebesse Bolsonaro apenas pessoas com ficha limpa.
Um integrante de peso para o militar em Goiás é o governador eleito, senador Ronaldo Caiado (DEM), que declarou apoio após vencer a eleição no primeiro turno com 1,7 milhão de votos.
Ele e o senador Wilder Morais (DEM) inauguraram um comitê oficial de apoio ao então candidato em Goiás há três semanas. O espaço era dedicado a distribuição de material gráfico de campanha aos simpatizantes. Wilder arcou com o aluguel do comitê até o fim do segundo turno e os panfletos e adesivos para carros eram doados por um grupo de apoiadores.
Ronaldo Caiado se encontrou com o capitão reformado do Exército em sua casa no Rio de Janeiro e os dois publicaram fotos em suas redes sociais. Ainda na bancada federal, Bolsonaro tem mais cinco deputados no time: Zacarias Calil (DEM), Francisco Júnior (PSD), João Campos (PRB), Glaustin da Fokus (PSC) e Major Vitor Hugo (PSL).
Quarto congressista mais bem votado de Goiás, Francisco Júnior afirma que aquilo que propõe não combina com as teses do PT. “Tudo o que defendo é o contrário das propostas do petismo. Sou a favor da vida e sou contra o aborto. O PT é favor do aborto. Critico a ideologia de gênero, e o PT defende. Defendo o Estado mínimo, e o PT defende uma ampliação do raio de ação do Estado. Sou crítico a alguns pontos de Bolsonaro, mas votei contra Haddad. Tenho certeza do que não queria: o PT é o que não queria. As ideias de Bolsonaro são, no geral, próximas das minhas e das pessoas que represento. Sou conservador, mas não sou extremista. Aproximo-me mais da direita, sou de centro-direita. A esquerda é muito engessada”. Francisco foi eleito com 111.788 votos. (Jornal Opção)